Alguns términos até podem ser rápidos e piedosos, mas aqueles que deixam as marcas mais profundas não são assim tão gentis quanto arrancar um bandaid de uma vez.
Especialmente quando você acredita que tem que fazer o Amor dar certo enfrentando tudo e todos ao invés de desistir na primeira dificuldade. (Culpa dos contos de fadas da Disney e, mais recentemente, de Once Upon a Time)
Eu sei que não é justo desistir na primeira dificuldade. Não é justo com o outro e nem com a gente. As coisas têm que ter chances, mas tudo tem um limite. Duro é traçar esse limite. Até porque, se a primeira dificuldade é algo inaceitável, pronto... já é o limite. E, nesse caso, é a chance de arrancar o bandaid de uma vez, ou jogar o coração no chão para que se parta por inteiro. Depois é só recolher tudo e começar a remendar. Simples.
Já quando lutamos pelo relacionamento e vamos "vencendo" as dificuldades algo mais profundo vai acontecendo: você vai se cansando. Uma coisa é fazer uma maratona, outra é você fazer uma maratona com obstáculos, na subida, no verão, sem água, com cães raivosos te perseguindo... bem, vocês entenderam...
É aí que o coração vai sendo esmagado lenta e dolorosamente e o que sobra é só uma bexiguinha toda esburacada no chão. Fazer os remendos leva muito mais tempo e as cicatrizes são muito mais profundas. Pequenas partes vão se perdendo, rolando pela sarjeta e nunca mais sendo encontrados pra costurar de volta.
Imagine tomar um belo tombo de bicicleta, daqueles que você desce rolando ladeira abaixo e pedaços de pele vão ficando pra trás, grudados no asfalto. Imagine como leva tempo pra voltar a montar numa bicicleta e, principalmente, pedalar rápido na descida de novo, mesmo sabendo que pode ser super emocionante.
Cuidar do coração não é fácil e, ao contrário do que dizem, ele não vai endurecendo com o tempo, vai é ficando mais mole, frágil e delicado. Por isso muita gente guarda ele num cofrinho blindado e não deixa mais ninguém chegar perto.
No fim, todos vamos virando um pouco de Davy Jones*.
*Davy Jones é conhecido como um deus do mar, controla os oceanos, confunde marinheiros e faz navios perderem suas rotas. Além disso, é encarregado de transportar as almas dos mortos para o submundo. Mas a questão aqui é seu coração. Por causa de uma decepção amorosa, Davy Jones arrancou seu próprio coração e o colocou em um baú, trancado, para que nunca mais sofresse com aquele sentimento novamente. Acho que vou comprar um baú pra mim.
2 comentários:
Injustiça culpar os contos de fadas da Disney: Aurora, Branca e Cinderella foram vítimas da inveja alheia, mas quando seus príncipes chegaram elas foram felizes para sempre. Nada de obstáculos.
Não é justo desistir na primeira dificuldade, mas na segunda eu já acho bem razoável.
Foram felizes até onde a história mostra.hahahaha
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