Alex tem uma visão bem parecida com a minha e o texto dele é bem na linha dos meus textos mais polêmicos por aqui, só que com o peso que só ele sabe dar. Aproveitem!!!
Antes de iniciar o texto, meus agradecimentos à Thais pelo convite para colaborar com este blog. Para um consumado autor de tranqueiras, postadas em uma tranqueira maior ainda, é uma verdadeira honra colaborar no sítio eletrônico de uma verdadeira combatente da vida e amor livres, autora de textos tão contundentes e elegantes.
Vamos a ele
Muitos, nesse
tempo pós-tudo e maluco que vivemos, adoram ostentar as conquistas amorosas e
sexuais como se realmente desprezassem a monotoni... ops, digo, a monogamia, afirmam
aos quatro ventos e a todos eflúvios noturnos
que não estão nem aí para a moral atrasada e repressora de seus pais e
avós, que vivem como verdadeiros libertários, envergam um ar e frases de efeito
que levam incautos a julgarem estar em
colóquio com uma pessoa realmente moderna, um ser livre nos pensamentos e na
vida real, no sentido de que superou tudo que tanto estragou a vida de
nossos antepassados, leia-se, machismo, repressão sexual, falsos-moralismos em
geral, e que estão sempre à espreita, ávidos por fazer de nós seres miseráveis
repletos da mais nefasta criação do Ocidente, a culpa.
Outros, a
maioria das pessoas que rodam o circuito de pegação noturna das cidades, marcam
encontros sexuais por meio da infernet, etc, praticam, ou fingem praticar isso
de maneira não-deliberada,não-combativa:simplesmente não se importam com padrões
morais,vigentes ou defuntos, não fazem disso uma guerrilha existencial, apenas
querem gozar a vida, no que estariam certos,se fossem autênticos, pois caros
leitores, não se deixem enganar,não se impressionem com garotas lindas e
voluptuosas que encontrarem na noite, vestidas em trajes sumários e justos,
bocas provocantes, olhares mais ainda; caras leitoras,não acreditem de imediato
nos encantos de sujeitos com olhares de mal, musculosos,camisas abertas, bem
vestidos. A imensa maioria dos “pegadores”, “ porras-loucas”, “ cafajestes”, ‘
“piriguetes” (aliás, alguém conhece uma definição precisa, científica mesmo,
desse último termo?respostas para a Thais, por favor) não passa de
mal-disfarçados aspirantes a pais de família e mães amorosas de classe média burguesa,
que estão apenas brincando de “loucos” e “malucos”, enquanto não encontram “ a
pessoa certa”.
O que me permite
afirmar isso e de onde provém tanta raiva para com essa cultura e seus
perpetuadores? Uma resposta completa para a pergunta exigiria que eu relatasse
praticamente toda minha vidinha inútil, assim, farei um recorte e tratarei
apenas do meu último e irritante embate com o moralismo que campeia em nossa
sociedade tão mal-resolvida, para justificar as afirmações do início do texto.
Há cerca de dois
anos iniciei um relacionamento dito fixo ou estável com uma mulher, uma
ex-colega de faculdade, e esse enlace possui algo que eu nunca tinha vivenciado
antes: vivemos em cidades distintas, longe um do outro. Eu resido em Sâo Paulo,
e ela mudou-se há vários anos para outro estado do país, a mais de 500 km de
distância, o dito “namoro à distância” (confesso que não suporto o termo). E foi
espantosa e instigante a reação da maioria das pessoas com quem convivo perante
a informação de que mantenho um relacionamento sólido com uma mulher estando
nós dois separados por tamanha distância, relacionamento aberto, ainda por
cima, em que cada um possui PLENO DIREITO DE FAZER O QUE BEM ENTENDER quando
não estamos juntos, desde que NÃO TRAGA PROBLEMAS AO OUTRO. Horror supremo!!!!
Afinal, como é possível um casal namorar sem se ver todo fim de semana, sem
ficarem juntinhos, namorandinhos, mi mi mi e beijinhos aqui, mi mi mi e
beijinhos acolá? Grudados, abdicando da vida social em nome desse tal desse
amor eterno? E você ainda deixa o outro ficar, transar, dormir, fazer o que
quiser com outras pessoas e não se importa???! Nojo, impossível, horror,
absurdo! Coisa de anormais, de cornos sem princípios ou moral!! O que me
espantou é o simples fato que alguns dos sermões e palavras mais duras contra nossa
falta de moral e suposta cornice-mansa
foram disparados por pessoas das quais, à primeira vista,não se esperaria isso,
pessoas que um tanto ingenuamente da minha parte eu esperava ao menos uma tolerância para com modos de vida diversos
dos seus (bem, aqui é importante um esclarecimento: em termos culturais e
existenciais sou um completo filho dos sonhos libertários e utópicos dos anos
60, apesar de ter crescido nos 80. (Contradições, que bom existirem!)
Afinal, quem são
esses moralistas de plantão e porque me
indignam tanto? Nada menos que jovens na casa dos 16 a 20 anos, justamente a
idade em que um jovem normal contesta todos os valores da família e da
sociedade, em busca de uma vida própria, mas que se portam como titias
solteironas do interior que não perdem uma missa dominical; homens feitos que
se orgulhavam de ser grandes comedores (sei, sei...) e machistas ao extremo,
indignados por eu conferir liberdade a minha amada – o representante mais boçal
desse grupo é um sujeito que infelizmente é meu colega de trabalho. Bastava ele
me ver, para anunciar aos quatro ventos: “ ih, lá vem o cara que toma bola na
lateral da namorada e não se importa com isso”. Mas os moralistas de plantão
mais surpreendentes e revoltantes são pessoas que, aparentemente, atentam
contra todos os padrões da moral,bons costumes e hipocrisias moralistas
histéricas (esses três termos são um tanto redundantes, um implica o outro,
admito)de nossa sociedade podre e mal-cheirosa, pois são membros típicos e
notórios da comunidade de roqueiros,headbangers e congêneres desta cidade, da
qual também sou membro notório: caras que os homens de bem e as mães de família
consideram uma má-influência tremenda para seus filhinhos e filhinhas, sujeitos
que faturam três quatro mulheres por
noite, algumas levadas para o banheiro ou salas escuras dos mais podres mas
ótimos porões de rock que freqüentávamos e frequentamos, caras com um visual
para lá de agressivo, envergando jaquetas de couro, metal, tachas... e que me
censuravam com desenvoltura, rindo de minhas concepções libertárias,
insistindo, como os demais da lista acima,que ou eu não amo de fato essa
mulher, pois quem ama é ciumento e possessivo, claro! ou que quando eu decidir
“sossegar” e me juntar com ela, deixarei essa patetice juvenil de lado, sempre
com um risinho sarcástico no canto da boca, quando não pediam para me explicar
a diferença entre ser fiel e ser leal a uma pessoa, diferença que não compreenderam,
é claro.
A reação não
poderia ser outra de alguém que tenta, até hoje, viver de maneira livre, na
acepção plena dessa bela palavra: não demorei a desprezar essa infantilidade de
pessoas que ainda confundem amor com posse, que agem como criancinhas egoístas
que não querem que ninguém toque nos seus brinquedinhos favoritos.
Mas
não posso deixar de alertar, como defensor e praticante do amor e vida livres
que sou, aos meus companheiros nessa campanha sem fim e aos que nela
ingressarem: não se deixem enganar, quanto mais louca e selvagem uma pessoa
aparenta ser, no que diz respeito ao amor e ao sexo,mais certinha e careta ela
deve ser e você, autêntico libertário, deve ser superior a eles, desprezar e
ignorar a fraqueza deles.
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