Friday, February 8, 2013

Papais e mamães travestidos de malvadões

O texto de hoje não é meu. É do meu bom e velho amigo Alex B. lá do Noites Cafajestes e Alguns Dias Canalhas. Ele acabou de publicar um livro pela Amazon Brasil. Fiz questão de comprar meu exemplar impresso e estou esperando pra ir buscar. Claro que exigirei um autógrafo especial do Alex na minha cópia. :D

Alex tem uma visão bem parecida com a minha e o texto dele é bem na linha dos meus textos mais polêmicos por aqui, só que com o peso que só ele sabe dar. Aproveitem!!!


Antes de iniciar o texto, meus agradecimentos à Thais pelo convite para colaborar com  este blog. Para um consumado autor de tranqueiras, postadas em uma tranqueira maior ainda, é uma verdadeira honra colaborar no sítio eletrônico de uma verdadeira combatente da vida e amor livres, autora de textos tão contundentes e elegantes. 
Vamos a ele
Muitos, nesse tempo pós-tudo e maluco que vivemos, adoram ostentar as conquistas amorosas e sexuais como se realmente desprezassem a monotoni... ops, digo, a monogamia, afirmam aos quatro ventos e a todos eflúvios noturnos  que não estão nem aí para a moral atrasada e repressora de seus  pais  e avós, que vivem como verdadeiros libertários, envergam um ar e frases de efeito que levam incautos a  julgarem estar em colóquio com uma pessoa realmente moderna, um ser livre nos pensamentos e na vida real,  no sentido de  que superou tudo que tanto estragou a vida de nossos antepassados, leia-se, machismo, repressão sexual, falsos-moralismos em geral, e que estão sempre à espreita, ávidos por fazer de nós seres miseráveis repletos da mais nefasta criação do Ocidente, a culpa.
Outros, a maioria das pessoas que rodam o circuito de pegação noturna das cidades, marcam encontros sexuais por meio da infernet, etc, praticam, ou fingem praticar isso de maneira não-deliberada,não-combativa:simplesmente não se importam com padrões morais,vigentes ou defuntos, não fazem disso uma guerrilha existencial, apenas querem gozar a vida, no que estariam certos,se fossem autênticos, pois caros leitores, não se deixem enganar,não se impressionem com garotas lindas e voluptuosas que encontrarem na noite, vestidas em trajes sumários e justos, bocas provocantes, olhares mais ainda; caras leitoras,não acreditem de imediato nos encantos de sujeitos com olhares de mal, musculosos,camisas abertas, bem vestidos. A imensa maioria dos “pegadores”, “ porras-loucas”, “ cafajestes”, ‘ “piriguetes” (aliás, alguém conhece uma definição precisa, científica mesmo, desse último termo?respostas para a Thais, por favor) não passa de mal-disfarçados aspirantes a pais de família e mães amorosas de classe média burguesa, que estão apenas brincando de “loucos” e “malucos”, enquanto não encontram “ a pessoa certa”.
O que me permite afirmar isso e de onde provém tanta raiva para com essa cultura e seus perpetuadores? Uma resposta completa para a pergunta exigiria que eu relatasse praticamente toda minha vidinha inútil, assim, farei um recorte e tratarei apenas do meu último e irritante embate com o moralismo que campeia em nossa sociedade tão mal-resolvida, para justificar as afirmações do início do texto.
Há cerca de dois anos iniciei um relacionamento dito fixo ou estável com uma mulher, uma ex-colega de faculdade, e esse enlace possui algo que eu nunca tinha vivenciado antes: vivemos em cidades distintas, longe um do outro. Eu resido em Sâo Paulo, e ela mudou-se há vários anos para outro estado do país, a mais de 500 km de distância, o dito “namoro à distância” (confesso que não suporto o termo). E foi espantosa e instigante a reação da maioria das pessoas com quem convivo perante a informação de que mantenho um relacionamento sólido com uma mulher estando nós dois separados por tamanha distância, relacionamento aberto, ainda por cima, em que cada um possui PLENO DIREITO DE FAZER O QUE BEM ENTENDER quando não estamos juntos, desde que NÃO TRAGA PROBLEMAS AO OUTRO. Horror supremo!!!! Afinal, como é possível um casal namorar sem se ver todo fim de semana, sem ficarem juntinhos, namorandinhos, mi mi mi e beijinhos aqui, mi mi mi e beijinhos acolá? Grudados, abdicando da vida social em nome desse tal desse amor eterno? E você ainda deixa o outro ficar, transar, dormir, fazer o que quiser com outras pessoas e não se importa???! Nojo, impossível, horror, absurdo! Coisa de anormais, de cornos sem princípios ou moral!! O que me espantou é o simples fato que alguns dos sermões e palavras mais duras contra nossa falta de moral e  suposta cornice-mansa foram disparados por pessoas das quais, à primeira vista,não se esperaria isso, pessoas que um tanto ingenuamente da minha parte eu esperava ao menos  uma tolerância para com modos de vida diversos dos seus (bem, aqui é importante um esclarecimento: em termos culturais e existenciais sou um completo filho dos sonhos libertários e utópicos dos anos 60, apesar de ter crescido nos 80. (Contradições, que bom existirem!) 
Afinal, quem são esses  moralistas de plantão e porque me indignam tanto? Nada menos que jovens na casa dos 16 a 20 anos, justamente a idade em que um jovem normal contesta todos os valores da família e da sociedade, em busca de uma vida própria, mas que se portam como titias solteironas do interior que não perdem uma missa dominical; homens feitos que se orgulhavam de ser grandes comedores (sei, sei...) e machistas ao extremo, indignados por eu conferir liberdade a minha amada – o representante mais boçal desse grupo é um sujeito que infelizmente é meu colega de trabalho. Bastava ele me ver, para anunciar aos quatro ventos: “ ih, lá vem o cara que toma bola na lateral da namorada e não se importa com isso”. Mas os moralistas de plantão mais surpreendentes e revoltantes são pessoas que, aparentemente, atentam contra todos os padrões da moral,bons costumes e hipocrisias moralistas histéricas (esses três termos são um tanto redundantes, um implica o outro, admito)de nossa sociedade podre e mal-cheirosa, pois são membros típicos e notórios da comunidade de roqueiros,headbangers e congêneres desta cidade, da qual também sou membro notório: caras que os homens de bem e as mães de família consideram uma má-influência tremenda para seus filhinhos e filhinhas, sujeitos  que faturam três quatro mulheres por noite, algumas levadas para o banheiro ou salas escuras dos mais podres mas ótimos porões de rock que freqüentávamos e frequentamos, caras com um visual para lá de agressivo, envergando jaquetas de couro, metal, tachas... e que me censuravam com desenvoltura, rindo de minhas concepções libertárias, insistindo, como os demais da lista acima,que ou eu não amo de fato essa mulher, pois quem ama é ciumento e possessivo, claro! ou que quando eu decidir “sossegar” e me juntar com ela, deixarei essa patetice juvenil de lado, sempre com um risinho sarcástico no canto da boca, quando não pediam para me explicar a diferença entre ser fiel e ser leal a uma pessoa, diferença que não compreenderam, é claro.
A reação não poderia ser outra de alguém que tenta, até hoje, viver de maneira livre, na acepção plena dessa bela palavra: não demorei a desprezar essa infantilidade de pessoas que ainda confundem amor com posse, que agem como criancinhas egoístas que não querem que ninguém toque nos seus brinquedinhos favoritos.

Mas não posso deixar de alertar, como defensor e praticante do amor e vida livres que sou, aos meus companheiros nessa campanha sem fim e aos que nela ingressarem: não se deixem enganar, quanto mais louca e selvagem uma pessoa aparenta ser, no que diz respeito ao amor e ao sexo,mais certinha e careta ela deve ser e você, autêntico libertário, deve ser superior a eles, desprezar e ignorar a fraqueza deles.

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