Friday, August 11, 2017

O dia que chorei pela braquiária



Um dia destes estava participando de uma oficina de plantas alimentícias não convencionais e a finalização foi a leitura de um texto sobre a relação com a braquiária, que é o nome bonito do nosso mato de cada dia, aquele que na cidade indica que alguma coisa está abandonada e na roça é considerado uma praga.
Foi feita esta leitura e chorei.



Na hora eu pensei que fosse TPM, quando cheguei em casa fui correndo olhar nos meus aplicativos e descobri que não era, mas já neste momento nem me lembrava com exatidão o que tinha me emocionado tanto no texto (tenho uma memória péssima) e estava mais incomodada com esta emotividade toda que de um dia para outro resolveu aparecer no coração de pedra-pome que costumava habitar este peito.

Chorar pela braquiária parecia ser o fundo do poço para quem não acha que vale a pena chorar por uma pessoa, não que eu não chore por pessoas, só não acho que valha a pena.rs

Compartilhei com algumas amigas próximas este meu achaque e todas acharam hilário, foi aí que comprovei que realmente era o fundo do poço, tinha virado(?!?) uma SENTIMENTALOIDE 😯

Passei duas semanas procurando o tal texto da braquiária sem sucesso, queria reviver aquele momento, analisar aquelas palavras, encontrar um motivo racional que me explicasse a razão daquilo ter me emocionado, não queria simplesmente acreditar que virei uma bicho grilo que chora por causa do desmatamento do capim. Desisti e entrei em contato com o pessoal que ministrou a oficina só para pedir o texto(!!!!), eles me passaram o "Relação com a braquiária".

Reli o texto e quer sabe? Eu achei uma explicação racional para ele ter me emocionado, mas também ando gostando da ideia de ser sentimentaloide e não vou estragar a magia daquele momento me prendendo ao motivo real do choro como se estivesse no divã do terapeuta. É triste sim o descarte puro e simples da braquiária e chorarei por ele e por outras coisas "idiotas" mais vezes. Acostumem-se!

P.s.: Imagino que estejam curiosos para saber o conteúdo do texto, então lá vai:

Relação com a braquiária. "- Ernst, como nós podemos usar os conceitos de sistemas agroflorestais para combater a braquiária? Ernst: Mas, porque você quer combater a braquiária? Na natureza não existem pragas, já que tudo tem o seu lugar. A natureza não funciona por competição, como ensinam na biologia. Ela funciona por amor e cooperação. Com a braquiária não é diferente. - Como assim? Ernst: - A braquiária não nasceu ali porque quis. Alguém a trouxe e lhe deu uma missão: alimentar o gado. E ela cumpriu essa missão com muita honra. Veio o boi, comeu suas folhas e elas rebrotaram; depois ela foi pisoteada pelo gado e renasceu; veio o fogo e ela se regenerou. Ela sempre cumpriu a missão que lhe foi dada e ainda garantiu que o solo jamais ficasse descoberto, protegendo-o da erosão. Ela não é uma praga, mas uma trabalhadora devotada, que cumpre sempre o seu papel, não importa o que aconteça. - Mas, agora, o terreno não é mais um pasto e nós queremos plantar outras coisas nele. Ernst: - Abra algumas clareiras entre a braquiária e plante. Quando suas plantas crescerem ela vai perceber que sua missão já foi cumprida e que o solo está seguro porque as outras plantas vão tomar o lugar que ela deixar. Assim, ela vai, amorosamente, se despedir e dar espaço às outras espécies que virão sucedê-la. Ela não vai competir com elas porque sabe que a sucessão natural deve continuar. Ela dará sua vida para que a vida continue, assim que for sombreada pelas outras plantas. Ainda deixará sua palha e suas raízes ricas em nitrogênio no solo, como um presente para as futuras gerações que ocuparão aquela terra." (texto de Giuliana Capello)

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