Este post fala sobre como os homens podem ser crueis tentando ser apenas atenciosos.
Não é intencional, mas só hoje sei disso. Por muito tempo achei que eles eram mesmo seres horrivelmente maldosos, mas hoje entendo que o gesto é mesmo sincero, ainda assim, acaba com a gente.
Claro que comigo, uma sofredora compulsiva quando a questão é amor, aconteceu muitas vezes, mas citarei apenas duas, as duas mais marcantes, as duas que fizeram eu sentir (fisicamente mesmo) que tenho um coração (e saber que ele é facilmente dilacerável).
Sou uma manteiga derretida. Não converso com as pessoas justamente por isso. Não sei conversar sem chorar e quando começo a chorar não converso mais. É complicado. Mas sou ótima com textos escritos. hahaha. Vai entender.
Anyway... comentei sobre isso porque o primeiro caso me atormentou por anos e eu achava que tinha a ver com uma estranha excessão a esta minha regra de chorar descontroladamente.
Eu saia com esse cara... me apaixonei perdidamente por ele... e um dia ele foi até a minha casa pra dizer que não ficaríamos mais juntos. Me pegou tão de surpresa que eu não tive nenhuma reação durante a conversa. Não chorei e também falei pouquíssimo. Não tinha mesmo muito o que falar, já que ele chegou dizendo que não nos veríamos mais e talz e todo seguro da decisão. Fiquei lá, sentada no sofá, ouvindo ele falar, e só. Parecia que eu nem tava lá de verdade, que era só meu corpo ali enquanto minha mente estava sabe-se lá onde.
Ele terminou de dizer o que tinha pra dizer e, vendo meu rosto meio apático, disse que então iria embora e me pediu pra acompanhá-lo até o portão.
Eu morava num apartamento, então abri a porta e desci as escadas com ele, atravessamos o estacionamento e chegamos ao portão da entrada. Eu estava completamente hipnotizada. Não pensava muito, não conseguia assimilar a situação, só via tudo distorcido. O corredor parecia não ter fim... as escadas... o estacionamento. Um percurso feito em menos de 3 minutos pareceu levar um ano para ser percorrido neste dia. Ainda assim, não derramei uma lágrima sequer.
Quando chegamos ao portão ele disse que então ia embora, olhou bem dentro dos meus olhos e me deu um beijo, no rosto, macio, doce, carinhoso, virou as costas e foi embora. Esse beijo me matou! Matou durante anos! Anos!
Na minha cabeça, o que ele queria era me ver chorar, ver que arrasou meu coração, ele queria ver "sangue". Como não me fez chorar durante a conversa, então deu um último golpe na moribunda: um beijo na bochecha.
Ele não viu, mas depois desse beijo me virei para voltar ao apartamento aos prantos. Chorava de soluçar! Tão desolada que um vizinho perguntou se eu precisava de ajuda. Chorei durante meses, e cada vez que chorava pensando nessa cena sentia o coração apertar dentro do meu peito como se fosse virar poeira.
A segunda vez foi tão cruel quanto. Me apaixonei pelo cara errado. Até aí, nenhuma novidade, mas dessa vez decidi arriscar tudo e dizer pra ele que estava apaixonada e ver no que ia dar. Claro que quebrei a cara. A coisa rolou mais ou menos assim:
A gente estava conversando sobre as pessoas das nossas vidas e talz e ele me perguntou sobre o cara com quem ele sabia que eu estava saindo na ocasião. A gente já tinha conversado sobre isso e eu já tinha dito que gostava do cara e talz, mas que não estávamos tendo nada muito sério por causa de umas outras complicaçõezinhas... enfim...
Neste dia ele me perguntou outra vez sobre esse cara e eu VI a deixa. Disse pra ele que o problema da minha vida era que eu tava apaixonada. Ele continuou a conversa normalmente achando que eu estivesse me referindo ao outro e aí eu o interrompi e disse alguma coisa do tipo "então... o problema é que não to apaixonada por ele... to apaixonada por você". Ele se calou por um instante.
Voltou a falar com um "tem certeza disso?" e eu disse que sim. Aí começou a sequência complicada. Já estávamos indo embora do lugar quando essa conversa começou a rolar, então nos levantamos das cadeiras e ele me abraçou. Eu pensei: "meu deus! deu certo! ele também me quer!" mas quando ele falou que era "complicado" eu pensei: "ok... me fu....".
Nessa hora, enquanto ainda estávamos abraçados, olhei pra ele e perguntei "preciso esquecer?". Ele não respondeu verbalmente mas fez que sim com a cabeça. Novamente a sensação de coração virando poeira voltou, concordei com a cabeça, me soltei dos braços dele e fomos pagar a conta pra ir embora.
Mas não parou aí......... Saimos do lugar, nos despedimos do amigo que nos acompanhava (que não ouviu a conversa) e ele me acompanhou até o metro. Novamente pensei: "será que ainda tem esperança? afinal, ele não tinha porque vir comigo até aqui...". Mas quando chegamos na frente das catracas e eu perguntei por que ele tinha ido comigo até lá ele disse: "porque parecia a coisa certa a fazer. não devia ter vindo, né?" eu respondi que se era mesmo pra eu esquecer que não, ele não devia ter ido. Minha esperança era um final Hollywoodiano, com um beijo e uma declaração de amor, mas ele só disse um ok, virou as costas e foi embora.
Preciso dizer como fiquei?
Mas foi nessa hora que eu percebi que ele não fez isso de propósito. Não tinha nenhuma intenção da parte dele em me machucar... pelo contrário, ele fez achando mesmo que devia fazer, que estava sendo legal e que sei lá... que era bom fazer aquilo.
Voltei pra casa pensando nisso e me lembrei do cara do primeiro caso e foi aí que percebi que ele também não tinha me dado aquele beijo no rosto por crueldade, mas porque ele achou que era o certo, o respeitoso, o gentil a fazer.
Mal sabem eles como isso acaba com a gente. Mesmo agora, percebendo que as intenções eram nobres (porque meninos são assim) não consigo deixar de sentir o coração virando pó. Se fosse pra dar um treinamento de como dispensar uma garota (que vocês não odeia nem nada) com certeza daria bastante ênfase no módulo de Não Tente ser Gentil. Talvez seja melhor mesmo dispensar de vez, nos deixar com raiva. Fazendo desse jeito continuamos apaixonadas e nos desapaixonar de um gentleman é muito mais difícil do que desapaixonar de um imbecil. :/
Friday, December 21, 2012
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1 comentários:
Será q é por isso q meus romances sempre terminaram num dia de fúria? :P
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