Wednesday, November 6, 2013

Os pássaros e o amor

Quando eu tinha uns 7 ou 8 anos assisti o filme Os pássaros, de Alfred Hitchcock, na Sessão Corujão da Globo, naquela época eu como toda filha caçula era grudada na mãe e por isto acompanhava boa parte do tempo que ela passava trabalhando no quartinho de costura no fundo da casa onde morávamos, estes dias e madrugadas de apego total me renderam um hobby, que é a costura, e o prazer de conhecer filmes clássicos e também grandes músicos.

Isto fez de mim uma criança velha, pois já muito nova minha cabeça se preocupava com coisas que outras crianças nem sequer imaginavam, me acostumei rápido com a responsabilidade do trabalho, adquiri um linguajar com gírias que fazem meus amigos pensarem que tenho mais de 60 anos de idade (rs) e mil outras peculiaridades, mas ontem ao rever depois de mais de 20 anos este mesmo filme, percebi que naquela época felizmente ainda conservava muito de um olhar genuinamente infantil.

A experiência de rever este filme foi singular por três motivos, primeiro porque fui sozinha, segundo porque o filme foi acompanhado por uma orquestra e terceiro porque desconstruí a imagem de filme aterrorizante que guardei da minha infância, eu gostei do filme quando assisti, mas era um filme de terror na minha mente infantil. Só ontem que minha mente processou a parte do envolvimento e dos conflitos amorosos. 

Tem a professorinha que largou tudo na cidade grande para ficar perto do seu amor, mesmo sabendo que não rolava mais chance de ficar com ele, e anos depois vê sua história se repetir tendo outra mulher como protagonista, porém desta vez com final feliz.

A sogra chata que transforma o filho num pseudo-marido, "inferniza" a vida das pretendentes a nora, mas demonstra ser civilizada e boazinha.

A mocinha que parece super forte, mas no fundo só usa uma máscara para esconder suas fraquezas e por isto conquista o galã.

Ah, tem o galã, claro que é aquele vadio indomável que arrasa corações, só que aí um dia dá um clique e se apaixona pela mulher que conheceu a menos de 2 dias.

Então fiquei lá enfeitiçada assistindo ao filme, embalada pelas inserções da Orquestra Heartbreakers, sim, tinha que ter este nome mesmo, afinal o Vadio Amor persegue quase todas as minhas experiências ultimamente.

E os pássaros tornaram-se coadjuvantes, o filme foi "resignificado" na minha memória, agora estava ali perdida nos amores e desamores de Bodega Bay.

Os únicos pássaros que ainda ficaram registrados na minha memória foram os lovebirds (periquitos), até porque faz muito mais sentido para esta minha nova visão do filme.


Revisite as coisas, as pessoas, os lugares, talvez encontre novas e maravilhosas experiências.

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