Wednesday, January 29, 2014

Aprendendo a ser cuidada

Eu sou uma cuidadora nata, daquelas pessoas que levantam mais cedo para fazer o café da outra mesmo não tendo que acordar antes do meio-dia aquele dia, que mesmo morta de cansaço acha que o outro está mais cansado e por isto vou lá com todo amor e carinho e faço algo para comer, uma massagem qualquer para relaxar.

Faço tudo isto porque gosto, porque parece inato ao meu ser e é um modo de demonstrar meu amor pela pessoa, porém claro que fico cansada fisicamente e em alguns casos emocionalmente, mas aí é só tirar uma soneca que me sinto nova em folha para reiniciar este processo.

Só que de uns tempos para cá tenho tentado reduzir um pouco esta minha tendência de abraçar o mundo do outro e equilibrar esta balança do dar e receber, mas é difícil, como é difícil...



E então nesta nova fase tenho me deparado com pequenos prazeres desconhecidos, um deles é a chance de dormir mais alguns minutos porque a pessoa fez a gentileza de tomar banho antes de você, depois de 12 anos tomando banho antes das pessoas para que elas pudessem ter mais 15 ou 20 minutos de sono revigorador, agora eu sei como é ter a chance de conseguir mais minutos de sono sem ter qualquer conversa matinal do tipo: vai você primeiro só hoje, please... (cara de cachorrinho abandonado acompanhando a frase). A sensação é maravilhosa!

Confesso que este mundo novo de ser cuidada me coloca em um conflito interno enlouquecedor, é difícil aprender a dosar a balança do dar e receber, às vezes o esforço é tão grande que surgem reações adversas em outros pontos da relação.

Como cantava Elis:
"Vivendo e aprendendo a jogar
Nem sempre ganhando
Nem sempre perdendo
Mas aprendendo a jogar"

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