Friday, May 23, 2014

O tamanho da necessidade por atenção

Na última Virada Cultural presenciei uma cena que me chamou muito a atenção num ponto de taxi por causa da quantidade de pessoas envolvidas, mas que, pensando depois, acabei percebendo ser uma situação relativamente rotineira.


Eram algumas garotas tentando encontrar um palco x qualquer da Virada e pararam no ponto de taxi para consultar os taxistas.

Neste momento, o que estava me chamando mais a atenção era que todas elas estavam vestidas com o mesmo padrão (shorts jeans muito curtinhos, camisetas regatas, uma blusa amarrada na cintura e tênis), equipadas de seus smartphones e... consultando um grupo de taxistas para encontrar uma rua. Será que nenhuma delas conseguia acessar o Google Maps dos seus telefones?

Aí prestei mais atenção... Elas já estavam lá quando eu cheguei ao ponto de taxi e continuaram lá quando saí (aliás, o taxista que nos atendeu deve ter ficado bem chateado em ter que trocar um grupo de garotas por um casal se pegando dentro do carro dele). Os taxistas no ponto (que não eram poucos) pareciam lobos babando em cima delas... eles estavam com aquelas caras clássicas de pedreiros tarados que se via de longe, mas as garotas continuavam lá.

A conclusão que me veio nessa hora foi a de que a situação era a mesma da obra... as garotas pararam pra pegar uma informação simples e se encantaram com a atenção recebida (mesmo vinda de olhos que as cobiçavam sem pudor) e ficaram por ali, para sentirem-se um pouco mais desejadas por um pouco mais de tempo.

É engraçada essa necessidade das mulheres em se sentirem desejadas, mesmo que por pessoas com as quais elas jamais se relacionariam. É óbvio que nenhuma daquelas garotas novinhas e endinheiradinhas acabaria a noite com um dos taxistas muito mais velhos que elas e com cara de babões. Mas ficaram lá, estimulando a imaginação da galera.

Já soube de mulheres muito bonitas que confessaram, às vezes, passar na frente de obras só para serem mesmo assediadas pelos trabalhadores. Se fazem de ofendidas e até xingam a galera mas, por dentro, estão satisfazendo uma necessidade de saber que estão gostosas e chamando a atenção.

Antes que eu seja queimada em praça pública por gente que lê meus posts e não entende minha linha de raciocínio.... não estou criticando a atitude, em absoluto! Pelo contrário, sou mulher e também sinto essa necessidade de confete às vezes, mesmo não entendendo por que ela surge. (não... eu não passo diante das construções esperando os assobios, mas persigo esta atenção por vezes, sem nem me dar conta, de outras formas, mas que não deixam de ser equivalentes)


Mas também... como poderia julgar? Quem não gosta de saber que chama a atenção de alguma forma, não é mesmo? Dá uma sensação tão gostosinha... :)

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