Friday, May 2, 2014

20 anos de novo

Lá com meus 20 e poucos anos eu trabalhava 12 horas por dia. Não era suave, claro... trabalhar tantas horas por dia nunca é suave, mas eu aguentava bem o tranco. Sempre achei que valia a pena, já que estava conquistando minha vida.



Hoje, com 34 anos, me vejo novamente nesta situação. Tenho meu emprego regular na oficina, de segunda a sexta, durante o dia, estou dando aulas à noite, de segunda à quinta e como fiquei com as sextas, sábados e domingos livres, já tratei de arrumar outro trabalho pra fazer nestes dias durante dois meses.

Sim, sou uma acumuladora de empregos. Gosto de trabalhar, gosto de me sentir útil e de saber que o que eu faço é importante pras pessoas (reconhecimento é uma das minhas fraquezas, preciso daquele tapinha nas costas pra me sentir feliz... sou carente. hehehe).

Mas estou numa fase tão tensa que não estava me dando conta de quantas coisas legais eu to fazendo, tudo junto ao mesmo tempo. Levei uma rasteira de pessoas que são extremamente importantes pra mim no início de abril e isso me derrubou. Derrubou mesmo. Fiquei tão chateada que comecei a ficar doente exponencialmente. Bem agora, que eu precisava de apoio de todos os lados, um golpe destes me atinge. Bem agora, que eu precisava da minha mente tranquila, me jogam uma bomba nuclear na cabeça.

Quebrei. Não aguentei a pressão e quebrei. Minha gastrite atacou com toda a força do mundo (gastrite nervosa que tenho desde meus 12 anos), dores de cabeça me impediram de levantar da cama por alguns dias, a insônia brava voltou a me visitar, gripes me atacaram.... tudo! Tudo me pegou e me derrubou desde o ocorrido. Eu fiquei acabada. Parece que envelheci 20 anos em um mês.

E não me dei conta. Continuei trabalhando loucamente e exaurindo minhas forças conforme as semanas corriam e me esgotando cada vez mais.

Na quarta-feira, um amigo me sentou pra conversar. Me deu uma boa notícia primeiro e depois me passou um sermão por causa do que estava acontecendo comigo. Ele estava preocupado, muito preocupado com o que estava vendo em mim e achou que tinha que me dizer. Isso é um bom amigo. Me jogou na cara que eu tava desmotivada com coisas que eu gosto de verdade e que eu estava com a cara horrível. Disse que eu devia me olhar no espelho e ver  como eu estava. E eu fiz isso. Encontrei no espelho uma pessoa velha, cansada e doente, não eu! E avisei pro espelho que aquela pessoa precisava ir embora.

Passei mal na quarta ao ponto de permitir que meu namorado procurasse o hospital mais próximo pra me levar, caso eu piorasse. Acho que foi o fim que precede o recomeço. Na quinta acordei renovada. Não me sentia mais mal e vi uma corzinha voltando ao meu rosto quando olhei no espelho. Decidi que voltarei a ter 20 anos, aqueles 20 anos que me faziam suportar tudo, desde que eu estivesse fazendo o que gosto.

Estou fazendo o que gosto. Todos os trabalhos que estou executando na minha vida me são prazerosos e eu quero continuar com eles e fazê-los da melhor forma que consigo. Preciso da minha saúde pra isso e sei que tem algumas coisas que vou precisar fazer pra recuperar minhas forças, mas é impressionante como uma "jogação de coisas na cara" já faz diferença.

Tenho sorte de ter pessoas tão queridas perto de mim e mais sorte ainda de conhecer mais e mais pessoas incríveis a cada dia que passa na minha vida e quero fazer o máximo possível para que meu amigo se depare com a cara saudável de Thais que ele conhece na segunda-feira.

Bora fazer aquilo que nos faz bem, porque a vida é uma só pra gente perder tempo adoecendo.

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